quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Pai de César Cielo faz desabafo após passar sufoco por ingressos

Celso Paiva
Direto de Pequim

O pai do nadador César Cielo desabafou após a conquista da medalha de bronze nos 100 m livre, nesta quinta-feira. Ele e a mãe do atleta, Flavia, passaram um sufoco e correram o risco de não assistir à final no Cubo D'Água por não terem ingressos para a competição.

Os dois só conseguiram entrar no local hoje, após uma emissora de televisão disponibilizar duas entradas. Para a semifinal, eles tiveram que arranjar os ingressos com cambistas chineses.

"Foi terrível para conseguir entrar aqui. Ontem, para assistir à semifinal, pagamos um absurdo para conseguir entrar. Gastamos quase US$ 1 mil para ver", afirmou o pai do nadador, que também se chama César.

O parente do novo medalhista brasileiro criticou o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) por não disponibilizar ingressos para os familiares dos atletas.

"Você olhava para o lado hoje e vinha uma plaquinha escrita Kitagima Family. Todos tinham ingressos na mão e a gente passando por esse sufoco. Fiquei muito decepcionado com o COB e com a CBDA. Seu Coaracy (Nunes, presidente da CBDA), você me prometeu ingresso e não cumpriu", disparou César.

"Eu posso falar porque não tenho rabo preso com ninguém. Vim aqui por minha conta. Eu, minha mulher, minha filha e uma amiga. Eu que formei meu filho, sou o exemplo do 'paitrocinador'".

César afirmou que já gastou cerca de R$ 40 mil com a viagem da família para Pequim. "Tive que refinanciar meu carro, mas não tem problema. Esse momento vale por qualquer coisa. Vendo e compro de novo se for preciso".

Procurada pela reportagem do Terra, a assessoria da CBDA não confirmou se foram prometidos ingressos para os pais de Cielo e disse que o presidente da entidade, Coaracy Nunes, prefere não entrar em polêmica sobre este assunto.

De acordo com a assessoria, a confederação não tem gerência com relação aos ingressos dos Jogos Olímpicos e não pode privilegiar a família de um atleta em detrimento de outra. A CBDA lembrou ainda que aceitou o pedido do atleta de contar com o seu treinador pessoal, o australiano Brett Hawke, na delegação brasileira.

Sobre as reclamações em relação ao COB, o chefe de missão da delegação do País, Marcus Vinícius Freire, afirmou que o comitê não tem responsabilidade em distribuir ingressos para as famílias dos atletas.

"Não compramos ingresso nenhum para família de ninguém. Os únicos convites que distribuímos na Vila são para os atletas interessados em ver outras modalidades. A gente pede ao Comitê Organizador e distribuímos dentro da nossa delegação. Mas são ingressos apenas para atletas credenciados, não temos entradas para distribuir para parentes", afirmou.

"O que algumas confederações tem feito é comprar os ingressos e repassar para algumas famílias. Eu sei, por exemplo, que a mulher do André Nascimento está aqui em Pequim e quem disponibilizou a entrada foi a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei)", completou.
(Terra)

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