Matéria interessante do UOL mostrando que não é só no Brasil que se gasta dinheiro público com esporte...
25/08/2008 - 13h00
Com fórmula similar ao Brasil, Reino Unido é 4º em Pequim e planeja vôo em casa
Fernando Narazaki
Em São Paulo
Isenção fiscal e dinheiro vindo da loteria: Reino Unido e Brasil têm basicamente as mesmas fórmulas para impulsionar o esporte. Porém, nos números das Olimpíadas de Pequim, a situação é bem diferente. Se os brasileiros obtiveram dois ouros a menos que em 2004 e perderam sete posições no quadro de medalhas, os britânicos saíram da China na quarta colocação e com a sua melhor performance desde que receberam os Jogos em Londres-1908.
Com os 19 ouros obtidos em Pequim, o Reino Unido só teve menos triunfos que 1908 (quando teve 56 insígnias douradas) e também celebrou o maior número de pódios desde então. Na China, foram 47 medalhas, três a mais do que obteve em Antuérpia-1920 e 97 a menos que em 1908, até hoje sua melhor atuação.
Para chegar a este número, porém, os britânicos tiveram de investir pesado no esporte. Apenas neste ciclo olímpico foram mais de R$ 708,5 milhões vindos apenas de uma lei criada na época do primeiro-ministro John Major, após o fiasco da nação nos Jogos de Atlanta-1996, quando o Reino Unido obteve apenas uma medalha de ouro.
A lei previa que parte do dinheiro colhido na loteria fosse destinada ao esporte, já que a UK Sport (Confederação Olímpica do Reino Unido) foi a primeira beneficiada pela legislação. Para Sydney-2000, o investimento chegou a R$ 177 milhões, priorizando as equipes de atletismo, vela, ciclismo, remo e natação, que tradicionalmente são as maiores forças olímpicas do Reino Unido.
Com os 11 ouros obtidos na Austrália, o governo local aumentou sua ação sobre o esporte e, em 2001, foi aprovada outra lei, agora de isenção fiscal, para empresas que investissem em clubes sem fins lucrativos e preocupados com a prática esportiva.
Para os Jogos de Atenas-2004, as modalidades receberam mais de R$ 211 milhões nos quatro anos. O país obteve menos ouros (nove), mas subiu mais vezes ao pódio (30, dois a mais que 2000) e em mais esportes (12 a 11). Com a escolha de Londres como sede das Olimpíadas de 2012, o governo tratou de praticamente quadruplicar os fundos destinados ao esporte, sendo que 38,3% dos R$ 708,5 milhões do ciclo olímpico foram revertidos diretamente para os atletas de elite.
O resultado foi a atuação notável em Pequim, com a quarta colocação no quadro de medalhas e a promessa de um aumento de R$ 300 milhões no investimento esportivo para tentar ultrapassar a Rússia em Londres-2012.
No Brasil, a situação é bem diferente, apesar de o país ter uma arrecadação vinda da Lei Piva, que desde 2001 destina parte do dinheiro obtido com a loteria, e uma lei de isenção fiscal aprovada no final do ano passado.
Apenas em 2007, a Lei Piva destinou R$ 84.956.905,90 ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que repartiu o dinheiro entre a entidade e as confederações. Mas apenas 3,3% (cerca de R$ 2,8 milhões) deste montante foram gastos com "manutenção de atletas", termo designado pelo COB em suas planilhas referentes ao ano passado. Já a denominada "manutenção" do COB e das Confederações levou mais de R$ 27,3 milhões da Lei Piva em 2007, cerca de 32,2%.
Antes dos Jogos de Pequim, por exemplo, o pai da ginasta Jade Barbosa, que foi a três finais olímpicas (salto, equipes e individual geral), revelou que a filha não vinha mais recebendo da Confederação Brasileira de Ginástica, pois ele não concordou em manter os R$ 350,00 e mais uma complementação dada à atleta pela entidade. "Dinheiro mesmo eu nunca vi. A gente ganhou mesmo em competições internacionais", explicou o judoca Denílson Lourenço, que disputou a categoria ligeiro em Pequim.
Apesar de fórmulas iguais, Reino Unido e Brasil tiveram destinos diferentes em Pequim. Enquanto os britânicos brilharam, os brasileiros, que sonham em receber os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, ficaram em 23º lugar. O país só teve o acréscimo de uma modalidade entre as suas premiadas nas Olimpíadas: o taekwondo, que destina R$ 2 mil à sua medalhista Natália Falavigna.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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