quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O "supertécnico" brasileiro do atletismo

Matéria bacana do UOL:

O esporte, muitas vezes, é engraçado. Um atleta mediano, que nem mesmo sonhava em disputar as Olimpíadas, é hoje um dos supertécnicos do planeta. O brasileiro Nélio Moura vai para Pequim com dois dos maiores atletas do salto em distância do mundo e pode voltar com duas medalhas para casa.

"Quando era atleta, eu sabia das minhas limitações. Sabia que seria impossível chegar às Olimpíadas. Mas como treinador estou indo para minha terceira", diz o ex-atleta, que hoje comanda o maior centro de saltos do continente, no Ibirapuera, em São Paulo.

Com ele treinam a brasileira Maurren Maggi, terceira no ranking da Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), e o panamenho Irving Saladino, atual campeão mundial, ambos do salto em distância. "Eu, melhor do mundo? Não é só resultado do atleta que indica a qualidade do treinador. É claro que é uma das coisas mais importantes, mas têm tantas outras. Eu procuro fazer o melhor que minhas limitações permitem", resume.

A modéstia, porém, acaba quando ele começa a falar de seus atletas. A respeito de Saladino, por exemplo, ele é só elogios. O saltador treina com ele há quatro anos, justamente o período em que chegou ao topo da prova no planeta. "O Nélio é meu pai", elogia o panamenho, que tinha como melhor resultado a marca de 8,12 m, quando iniciou o trabalho com o brasileiro. Em maio deste ano, ele fez 8,73 m, melhor performance mundial em 2008.

"Ele mora em São Paulo desde 2004 e se desenvolveu treinando no Brasil. Treina todo dia com os brasileiros, com a Maurren, a Keila (Costa), com o Jefferson (Sabino). E a relação é muito proveitosa para os dois lados", diz Nélio, que nega um possível conflito de interesses em ser técnico da delegação brasileira de atletismo e ainda assim treinar o panamenho.

"Não existe isso porque ele não tem nenhum rival brasileiro. Na verdade, é difícil encontrar no mundo alguém que realmente rivalize com ele. Ele tem o interesse dele, que é continuar melhorando, e nós temos o nosso, que é ter o melhor do mundo do nosso lado. E podemos aproveitar esse contato, algo que a gente sempre buscou. Hoje, esse intercâmbio está muito fácil. Você olha para o lado e, opa, o melhor do mundo está aí", explica.

Sobre Maurren, o tom é o mesmo. "É uma prova muito equilibrada. São seis favoritas para conquistar as medalhas. E, nesse grupo, três atletas estão um pouco à frente e a Maurren está entre elas. Ela está com cabeça no lugar e ambicionando trazer uma das medalhas".

Ao lado da brasileira, ele aponta a portuguesa Naide Gomes, líder do ranking mundial, e a russa Tatiana Lebedeva como candidatas mais fortes ao ouro olímpico. "A Naide está muito bem, mas o que conta é o confronto. Quem tem mais garra para vender. E no último, deu a Maurren".

O grupo de atletas de Nélio poderia ser ainda maior. Ele e sua mulher, Tânia, também treinadora de atletismo, viram em Jadel Gregório potencial para o salto triplo e tiraram o gigante de 2,02 m do salto em altura.

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