sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ginástica brasileira pode triunfar em meio a potências

Matéria do UOL:

Nunca a ginástica artística brasileira chegou tão forte a uma competição olímpica como nestes Jogos de Pequim que começam, para a modalidade, na madrugada deste sábado. Em Atenas-2004, Daiane dos Santos conseguiu uma final no solo quando era, aos olhos da torcida brasileira, franca favorita ao ouro, embora, no cenário mundial, a qualidade de suas rivais, como a campeã Catalina Ponor, fosse bastante conhecida.

Neste ano, porém, a situação é diferente. A delegação não começa sua trajetória fundamentada apenas na performance de um atleta. Na China, a equipe feminina brasileira pode conseguir um feito histórico, assim como Jade Barbosa e Diego Hypólito.

O favoritismo do ginasta é o maior de todos, embora ele seja o único representante masculino do Brasil na modalidade em Pequim. Bicampeão mundial do solo e líder do ranking no aparelho com sobras, Diego conquistou respeito no exterior, conseguiu dar nome a um dos novos movimentos da ginástica e hoje sua série é a mais temida.

O atleta, natural de Santo André, partiu do Brasil dizendo que estava viajando para ser campeão olímpico. Para que isso não aconteça, o romeno Marian Dragulescu, que volta de contusão e está há quase um ano afastado das competições internacionais, teria que fazer como no Mundial de 2006, quando arrebatou o ouro no solo. Ao lado do romeno, apenas o canadense Brandon O'Neil e o chinês Kai Zou podem fazer frente ao brasileiro. O grego Elefhterios Kosmidis, o alemão Fabian Hambuechen, o espanhol Gervasio Deferr e o canadense Kyle Shewfelt, que também está retornando de séria contusão mas é o atual campeão olímpico da prova, correm por fora.

Na prova masculina por equipes, para a qual o Brasil não está classificado, Estados Unidos, Japão, Romênia e Rússia devem travar a batalha de sempre, embora os norte-americanos não possam contar com seu principal ginasta, Paul Hamm, atual campeão olímpico do individual geral que não se recuperou de uma lesão no braço a tempo de disputar os Jogos.

No feminino, a disputa entre grupos deve ser ainda mais forte, porém com menos candidatos reais a medalhas. Dificilmente o pódio terá alguma seleção intrusa que não seja Estados Unidos, China e Romênia. As européias, bicampeãs olímpicas nas duas últimas edições dos Jogos, ainda sofrem com a transição vivida na equipe após a saída de expoentes como Catalina Ponor. Neste ano, o bronze deve cair bem ao time.

A China, por sua vez, apresenta o resultado do trabalho intenso realizado no país nos últimos anos visando às Olimpíadas de Pequim. Impulsionadas pela torcida, as chinesas bem que podem abocanhar seu primeiro ouro olímpico por equipes. Para isso, porém, terão que derrubar o favoritismo norte-americano. Das seis atletas do grupo, quatro já foram campeãs mundiais (no individual ou por aparelhos), entre elas Shawn Johnson, que obteve três ouros no último Mundial, quatro no Pan do Rio e deve ser o grande nome da ginástica feminina nos Jogos.

As concorrentes diretas de Johnson pelo estrelato serão a chinesa Fei Cheng, as romenas Steliana Nistor e Sandra Izbasa, e a italiana Vanessa Ferrari. Corre por fora justamente a brasileira de mais destaque da equipe nacional, Jade Barbosa (esq.), que tem a seu favor o inédito bronze de uma brasileira no Mundial do ano passado.

Com grandes chances de chegar à final do individual geral, a carioca também deve fazer bonito no salto, seu aparelho mais forte, e no solo. No primeiro aparelho, terá a difícil missão de superar Cheng, bicampeã mundial da prova, e a alemã naturalizada Oksana Chusovitina, principal destaque do aparelho nos últimos meses. Já no solo, Jade terá como maiores concorrentes a própria Fei Cheng e as favoritas Johnson e Izbasa. Daiane dos Santos, que não chega com a mesma força de quatro anos atrás, pode repetir a final de Atenas, mas tem chances remotas de medalhas.

As outras quatro brasileiras da seleção devem se limitar a fazer um bom papel para somar pontos para a equipe. Ana Claudia Santos, segunda mais nova do grupo, será a única, ao lado de Jade, a disputar os quatro aparelhos. Se fizer uma boa performance, cravará seu nome como promessa da ginástica do país para os próximos anos.

Laís Souza, que viveu situação exatamente semelhante à de Ana Cláudia há quatro anos, chega a Pequim como uma aposta que não se concretizou. Enquanto isso, Daniele Hypólito (esq.)parte para sua última Olimpíada como coadjuvante, depois de fazer história nas duas edições anteriores com o 20º e o 12º lugar no individual geral de Sydney e Atenas, respectivamente. Ethiene Franco é o sexto elemento do grupo.

Juntas, as seis brasileiras têm tudo para deixar seu nome na história do esporte brasileiro. Para isso, precisam apenas levar a equipe ao que seria uma final inédita e melhorar a nona colocação obtida na Grécia, em 2004. Com suas forças somadas, as garotas têm boas chances de brigar pela quinta colocação ou, quem sabe até, pelo quarto lugar. Uma medalha de bronze, quase impossível, teria sabor de ouro.

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