31/08/2004 - 08h50
Para manter a base no vôlei, Brasil estuda limitar exportações
MARIANA LAJOLO
da Folha de S.Paulo
O ouro olímpico pode se transformar no combustível para o enfraquecimento das futuras gerações e da Superliga de vôlei.
Mais visado do que nunca, o Brasil já sofre com o êxodo na seleção -- oito dos campeões em Atenas jogarão na Itália -- e teme agora ver exportações precoces.
Para evitar esse movimento, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) já começou a agir. O primeiro alvo foi Roberto Minuzzi, uma das apostas de Bernardinho.
O ponta iria se transferir para o Macerata, da Itália, mas a CBV interferiu e ajudou a acertar sua ida para o Minas. Considerava o atleta muito novo para deixar o país.
Minuzzi tem 23 anos, idade que a entidade pensa em estabelecer como limite mínimo para a exportação de atletas. Por enquanto, nenhuma decisão foi tomada.
"Se um jogador já formado vai jogar fora é ótimo, porque ele se aperfeiçoa jogando no altíssimo nível. O problema é a ida de garotos como o Minuzzi. Eles não estão prontos ainda e não terão mais tempo de limpar seus fundamentos", opinou o técnico Bernardinho após a conquista da Liga Mundial-2004. Naquele torneio, ele usou também o exemplo de Dante, 23, jogador talentoso que havia ido cedo para o exterior e ainda apresentava deficiências. O ponta foi titular na campanha em Atenas na vaga de Nalbert.
A maior preocupação da CBV é a perda de apelo da Superliga. Neste ano, só André Nascimento, Rodrigão (Suzano), Giovane (Unisul) e Nalbert (Banespa) atuarão no país. Nada pode ser feito agora, mas, para a próxima temporada, o presidente da entidade, Ary Graça Filho, acredita que o ouro mudará o panorama.
"Se eu conseguir TV aberta para a Superliga, trago os jogadores de volta", disse ele em Atenas, sem precisar de onde tiraria a verba. Graça diz que aceitaria não receber nada da emissora, desde que nem a CBV nem os clubes tivessem de pagar. O presidente negociou com a Rede TV! antes dos Jogos, mas não chegou a acordo.
Em 1994, após a conquista do ouro em Barcelona-1992, a entidade promoveu o repatriamento de atletas da seleção. Na época, o projeto, feito em parceria com o Banco do Brasil, previa um gasto de US$ 2 milhões até 1996.
Os brasileiros ainda podem ter a oportunidade de assistir aos atletas da seleção, antes de sua ida para a Itália, em amistosos que a CBV tenta armar até o fim do ano.
As partidas também engrossarão o orçamento dos jogadores. O time receberá R$ 2,28 milhões (valor referente à conquista do ouro mais o prêmio que as mulheres não conquistaram) e dividiria a renda das partidas. A seleção cubana foi convidada, mas ainda não deu resposta.
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Com TV aberta, acho que dá pra Superliga não apenas trazer os jogadores da seleção de volta, mas também voltar a importar jogadores... muitos russos, americanos, sérvios, argentinos jogaram por aqui... e na liga feminina, até a Piccinini andou dando seus saques por aqui. Potencial existe, afinal o Brasil é campeão de tudo no masculino e está entre as cinco melhores do mundo no feminino.
terça-feira, 31 de agosto de 2004
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