Continuamos com nossa ressaca olímpica...
31/08/2004 - 02h37
Atenas assiste ao crepúsculo de estrelas de pistas, piscinas e ginásios
MARIANA LAJOLO
TATIANA CUNHA
da Folha de S.Paulo
Mais badalados esportes olímpicos individuais e acostumados a produzir mitos, atletismo, ginástica e natação assistiram em Atenas ao ocaso de ídolos que se acostumaram a reverenciar.
Nas pistas, a maior decepção foi Marion Jones. A californiana, estrela em Sydney com três ouros e dois bronzes, começou sua queda antes do início da Olimpíada.
Na seletiva dos EUA, caiu na final dos 100 m e desistiu dos 200 m. Suspeita de estar envolvida no maior escândalo de doping do país, o caso Balco, Marion, 30, só obteve vaga no salto em distância.
Em Atenas, saltou 6,85 m e ficou com a quinta colocação --o bronze de Sydney viera com 6,92 m.
Na final do 4 x 100 m, protagonizou a cena que melhor representa sua decadência. Atrapalhou-se na passagem do bastão, e a equipe dos EUA foi desclassificada. Nos 4 x 400 m, não foi nem convocada para o time que ficou com o ouro.
Seu compatriota Allen Johnson, 29, tricampeão mundial dos 110 m com barreiras e ouro em Atlanta-96, também decepcionou. Nas eliminatórias, tropeçou no nono obstáculo e deu um peixinho por baixo do último.
Mesmo fim teve Gail Devers, 37, três ouros e cinco mundiais na bagagem. Antes da primeira barreira da classificatória, a americana sentiu a perna e caiu por baixo do obstáculo. Outro campeão olímpico fez feio em Atenas. O cubano Iván Pedroso, 31, tetracampeão mundial no salto em distância, terminou em sétimo lugar, com 8,23 m. Há quatro anos, ficou com o ouro ao saltar 8,55 m.
A ginástica artística viu a queda de dois de seus principais nomes.
"Rainha" Khorkina, como era conhecida a esguia Svetlana (1,64 m e 50 kg), desperdiçou a chance de obter o inédito título do individual geral.
A ginasta russa, 25, liderava até a prova de solo. Ao final da apresentação, diante da nota 9,562, o público vaiou o júri. Em seguida, Carly Patterson, 16, dos EUA, levou o ouro com 9,712.
Mesmo com a prata, Khorkina foi ovacionada pelo público. Mas não era o fim da despedida.
Três dias depois ela disputou a decisão das paralelas, sua especialidade. Khorkina conquistou seus dois ouros e cinco de seus nove títulos mundiais neste aparelho.
Foi a penúltima a competir, só precisava superar os 9,678 da francesa Emilie Lepennec -- na eliminatória, marcara 9,750. Mas falhou e caiu da barra. Com os olhos marejados, ainda completou a prova. Desolada, deixou o ginásio antes do fim do evento.
Menos dramática, porém tão melancólica quanto, foi a despedida do russo Alexei Nemov. Em 2000, ele completou sua galeria, que já tinha dois ouros olímpicos e cinco mundiais, com dois títulos. Atenas era a chance de obter ao menos mais uma medalha, já que só tentou a sorte na barra.
Após sua apresentação na decisão, os 9,725 dados pelos juízes revoltaram o público. Foram quase dez minutos de vaias até a mudança da nota (9,762), num dos maiores fiascos dos Jogos.
A marca, mesmo assim, não foi suficiente, e Nemov, 28, amargou o melancólico quarto lugar.
A piscina grega também foi cenário de despedidas aquém do histórico de seus personagens. O russo Alexander Popov, quatro ouros olímpicos e seis mundiais, não figurou em nenhuma final.
Gustavo Borges, 31, maior nadador da história do Brasil, foi a Atenas só para nadar o revezamento 4 x 100 m livre. Encerrou sua carreira na primeira bateria.
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Dentre os brasileiros, parte do pessoal do revezamento 4x100 participou de sua última Olimpíada, sem falar em Virna, Fernanda Venturini e Fofão, da seleção feminina de vôlei, e Giovane, Nalbert e Maurício, do time masculino.
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