segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Os últimos dias têm sido bons, dentro do possível. Apesar de um certo clima de frigideira no trabalho, estou tentando fazer minha cabeça não pensar muito nisso.

E no sábado, eu e Gil fomos ver...



O Aviador - 2004, de Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda.

Podemos dizer que DiCaprio precisava de redenção. Depois de surgir como jovem promessa em filmes como Diário de um Adolescente ou Gilbert Grape, ele tornou-se persona non grata pra muita gente depois de Romeu + Julieta e, principalmente, Titanic. Para muitos, DiCaprio era apenas um símbolo do cinema comercial americano, que só servia para atrair gritinhos de garotas histéricas. Pois bem. Em O Aviador, novamente sob a batuta de Martin Scorsese (que o dirigiu no subestimado Gangues de Nova York), DiCaprio entrega a melhor atuação da sua carreira. No papel do visionário, idealista e perturbado Howard Hughes, que foi produtor e diretor de cinema enquanto tornava-se um dos reis e pioneiros da aviação americana, o ator convence plenamente que os tempos de Jack Dawson ficaram mesmo para trás, mas tem mais.
O filme não mergulha fundo nos problemas mentais de Hughes, que sofria de transtorno obsessivo-compulsivo - na época, a doença ainda não era diagnosticada desta forma, preferindo concentrar-se no auge do homem, entre o final dos anos 20 e o final dos anos 40. Pois bem, nesse espaço de 20 anos, Hughes saiu de herdeiro de uma empresa de brocas no Texas para multimilionário na Califórnia. E nesta condição, ele vivia a Era de Ouro de Hollywood em sua plenitude, com toda aquela coisa glamourosa que estamos acostumados a ver nos filmes da época. Namorou por um bom tempo Katharine Hepburn, teve Ava Gardner como "alvo" permanente - a atriz dizia que nunca havia dormido com ele, mas ele dizia que sim, e o filme segue sua visão, sem falar no sem-número de companheiras famosas que teve. Junte tudo isso com a visão de quem queria voar cada vez mais alto... um personagem fascinante, que, ratificando, DiCaprio defende com louvor.
Há outros méritos no filme. Cate Blanchett tem uma atuação quase espírita de Katharine Hepburn. Os trejeitos, o sotaque, a risada... Gil reconheceu a personagem logo de cara.
Pecado mortal: eu nunca vi nenhum filme da Ava Gardner, então não tenho grandes referências sobre ela. Portanto, não sei se a Kate Beckinsale - a mulher que a Angelina Jolie disse um dia que gostaria de comer de colherinha - mandou bem ou não. Eu achei a atuação correta, sem exageros, mas também sem se sobressair.
Alec Baldwin, como o presidente da Pan Am (rival de Hughes); Alan Alda, como um senador com intenções duvidosas; e John C. Reilly, como o fiel escudeiro financeiro do aviador, estão ótimos.
São quase três horas de projeção, mas o filme passa voando (não resisti ao trocadilho). Mas a coisa acaba de forma um tanto abrupta, o que pode desagradar alguns. Mesmo assim, vale a pena, e apesar de eu ter achado Em Busca da Terra do Nunca melhor, O Aviador é um grande filme que merecerá o Oscar caso ganhe. Idem para o Scorsese, idem pro DiCaprio.

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