quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Quarentona

29/09/2004 - 10h08

Mafalda de Quino completa 40 anos nesta quarta-feira

Por Hernán Di Bello
Buenos Aires, 29 set (EFE).- Mafalda, a "menina terrível" criada pelo cartunista argentino Joaquín Lavado, mais conhecido como "Quino", será a partir desta quarta-feira, uma quarentona.

Devido ao fato de que "foram os leitores que escolheram esta data para ser o aniversário de Mafalda", não está previsto "nenhuma celebração em particular", disse à EFE Julieta Colombo, sobrinha e representante de Quino.

O que os seguidores do cartunista lembrarão "são os 40 anos" transcorridos desde o dia 29 de setembro de 1964, quando a tirinha protagonizada pela menina encrenqueira "foi publicada pela primeira vez" no semanário "Primera Plana" de Buenos Aires.

A partir de então, as aventuras de Mafalda, Manolito, Felipe, Libertad e o outros personagens saídos da pena de Quino ocuparam regularmente as páginas de inumeráveis publicações da Argentina e de outros países.

Embora o autor tenha deixado de desenhar em 1973 essa menina de cabelos escuro e cara redonda que possuiu uma grande inteligência e ironia, Mafalda continua sendo, ainda hoje, símbolo de rebeldia e contestação onde quer que tenha conquistado fama.

Segundo Colombo, uma prova disso é a bem-sucedida "Quino 50 anos", mostra que reúne trabalhos dos 50 anos de trajetória do cartunista que já foi exposta em Buenos Aires e que na próxima quinta-feira será inaugurada na província de Córdoba, no centro do país.

"Lá seguramente faremos algo alusivo ao aniversário", assegurou a sobrinha de Quino, que freqüentemente se chateia quando o acusam
de ter "matado" Mafalda, e diz que não se arrepende de ter deixado de
desenhar essa história em quadrinhos.

Quino, de 72 anos e radicado na Europa há décadas, está em Madri e tem previsto ir da Espanha para Milão, onde Colombo imagina que o cartunista "passará o aniversário de Mafalda".

Nestes dias, na Itália, também há uma exposição itinerante intitulada "Uma Viagem com Mafalda", que reúne 77 tirinhas cômicas e 50 ilustrações que sintetizam a relação do artista com o mundo e a vida.

As historietas de Mafalda foram traduzidas para mais de 30 idiomas, entre eles o chinês e o finlandês. Mesmo assim, Quino questiona a fama da personagem e diz que a considera "igual ao resto" de seus trabalhos.

O dia do aniversário da menina que costumava manter longas conversas com um globo terrestre sobre os conflitos e as injustiças do planeta também foi objeto de diferentes versões e polêmicas.

Daniel Divinsky, diretor da empresa argentina Ediciones de la Flor, que tem os direitos de publicação de Mafalda, opina que se trata de "mais um mito" surgido em torno do personagem mais famoso de Quino.

Ele disse que o artista desenhou a Mafalda pela primeira vez em 1963 para uma campanha propagandista que não chegou a se concretizar e na qual os nomes dos personagens deveriam começar com a letra "M".

Segundo Divinsky, a menina rebelde apareceu pela primeira vez em 1964 em "Gregorio", suplemento de humor da revista "Leoplán", mas foi publicada regularmente a partir de setembro desse mesmo ano pelo "Primera Plana".

Meios de comunicação de distintas partes do mundo também se somaram aos festejos relacionados ao aniversário da Mafalda e, nas últimas semanas, publicaram entrevistas nas quais Quino concordou em falar sobre a personagem, o que não faz com muita freqüência.

Em uma reportagem do jornal italiano "La Reppublica", este filho de imigrantes espanhóis republicanos assegura que Mafalda surgiu do ambiente familiar no qual le se formou e está inspirada em sua "avó comunista".

A vigência de Mafalda é algo que Quino ainda não consegue compreender. Em declarações ao jornal argentino "Clarín", disse que "muitas das coisas que ela questionava ainda continuam sem solução".

"Se ela ainda é lida como antes, para que continuar desenhando-a? Uma vez me perguntaram se eu não gostaria de ressuscitá-la. Ressuscitar significa que algo está morto", destacou.
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Mafalda me lembra imediatamente os dois vestibulares que fiz entre 1993 e 1994, que tinham redações baseadas em tiras dela. E uma vez tive acesso ao "Toda Mafalda", é muito, mas muito bom. E como diz a matéria, as tiras continuam absolutamente atuais, isso é o que mais impressiona...

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