sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Futuro obscuro

10/09/2004 - 00h01
Zé Roberto vira exclusivo e deixa oficialmente a seleção feminina de vôlei
da Folha de S.Paulo

José Roberto Guimarães, 50, oficialmente não é mais treinador da seleção feminina de vôlei.

O Osasco, que aceitou dividir Zé Roberto com a Confederação Brasileira de Vôlei desde julho do ano passado, anunciou na quinta-feira que daqui em diante ele será exclusivo do clube paulista.

Questionado pela Folha de S.Paulo sobre como fica sua situação com a seleção, o técnico foi seco: "Não fica".

Na seqüência, após breve pausa, resolveu se estender no assunto e emendou: "Estive (na seleção) emprestado. Ficar com os dois não dá certo. Meu acerto com a CBV era de maio até agosto. Agora sou técnico só do Osasco até abril de 2005. Depois do final do contrato, volto para o mercado".

A equipe de Osasco já iniciou sua participação no Estadual, mas Zé Roberto, que ganhou folga da equipe após os Jogos Olímpicos de Atenas, só deve reassumir o comando nos próximos dias.

O time é o atual bicampeão da Superliga (torneio que corresponde ao Brasileiro) e busca o tetra do Paulista --no ano passado, ganhou o tri desfalcado do técnico, que estava com a seleção.

Na quinta, Zé Roberto ainda se mostrava decepcionado com a atuação do Brasil na Grécia.

Depois de apresentações convincentes e seis vitórias seguidas, a equipe teve sete match points na partida semifinal contra a Rússia. Porém desperdiçou todos eles e perdeu a chance de atingir uma inédita decisão olímpica.

Na decisão do terceiro lugar, com as jogadoras visivelmente abaladas pelo revés diante das russas, a seleção teve desempenho pífio contra Cuba e ficou sem o bronze, que havia sido conquistado nos dois Jogos anteriores (Atlanta-96 e Sydney-00).

Zé Roberto, que encarou como um fracasso pessoal não conseguir conduzir o time de novo ao pódio, reavaliou seu trabalho e concluiu que tirou o máximo da equipe no tempo que teve para treiná-la --menos de um ano. Bernardinho, que levou a seleção masculina ao bicampeonato olímpico, teve quase quatro anos para preparar seus jogadores.

"Só aceitei assumir porque naquele momento a seleção estava necessitando de um técnico", afirmou o treinador do Osasco, aludindo à crise por que passou a equipe com Marco Aurélio Motta, que teve desentendimentos com várias titulares (Walewska, Fofão, Érika, Elisângela), sacou-as do time e obteve resultados pífios.

A CBV, então, desistiu de Motta e apostou em Zé Roberto, que, movido pelo desafio de uma nova glória olímpica (foi campeão com o time masculino em Barcelona-92), convenceu a direção do Osasco a dividi-lo com a seleção.

A confederação, agora, espera um relatório do treinador sobre o período à frente da equipe feminina e diz não ter pressa em definir um substituto, pois a seleção não joga mais torneios neste ano.

A matemática indica que haverá um: em 2005, os primeiros treinos da seleção --para participar do Grand Prix e do Sul-Americano-- estão marcados para abril, mês em que o contrato de Zé Roberto com o Osasco ainda vigora.

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