Taça Davis: transparência e lideranças
Por Paulo Cleto - 13:09 - 03/03/2004
A união dos três principais tenistas da equipe da Taça Davis – Gustavo Kuerten, André Sá e Flávio Saretta - em confrontar o presidente da equipe da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, é compreensível, já que este pouco fez pelo tênis brasileiro nos últimos anos.
Posso dizer que deste assunto – confrontar presidentes da CBT - eu conheço. Durante os meus 17 anos no cargo de capitão da equipe fui obrigado, sempre em nome da equipe, a peitar vários deles. O que me vem à mente é que, para abrir fogo contra o presidente de uma entidade, em pleito com presidentes de cada federação estadual, é necessário razão, coragem, caráter, estratégia, jogo de cintura e, se possível, estar com “O Príncipe” de Maquiavel na cabeceira.
O que não deve acontecer é a utilização política do fato, por parte de terceiros e interesseiros, para confrontarem a indicação de Jaime Oncins, que entrou no lugar de Ricardo Acioly. O que fica claro é que muita gente não andou fazendo o seu dever de casa. A crise já existia, de várias formas e maneiras, e a entrada de Oncins foi o estopim de algo que ainda ia explodir na cara de todos. Não vou aqui perder o meu, e o seu tempo, sobre se o presidente Nelson Nastás deveria ou não estar no cargo. Basta dizer que se eu votasse, o que não faço por não ser presidente de federação, ele não teria o meu voto.
Nastás teve a oportunidade de ouro de tirar a Confederação de Tênis do chão e construir algo em benefício do coletivo, e do qual pudesse se orgulhar para o resto da vida. Escolheu não fazê-lo. Além de não deixar um legado, Nastás mostrou ser péssimo administrador de crises. Já é fato público que, depois da derrota para o Canadá, teve que ouvir os tenistas exigindo a sua saída da CBT, em uma reunião organizada pelo então capitão Acioly, o qual tinha indicado para o cargo.
Se os tenistas têm ou não esse direito - já que o cargo de Nastás não é o de mero diretor da Equipe da Taça Davis, e sim de Presidente da CBT – não é o assunto aqui. O fato é que Nastás não teve a coragem de agir de imediato. Preferiu ficar no seu canto rezando para que o problema desaparecesse. E, como sabemos, problemas não desaparecem – eles crescem.
Pelo seu lado, os tenistas não tiveram a melhor das lideranças. Se exigiam a saída de Nastás – isso em Setembro de 2003 - e Nastás não deu a menor pelota para a exigência, esta deveria ter sido acompanhada de algum posicionamento claro e concreto. De novo, ficar esperando que o fantasma desapareça não funciona. Paralelo, há o fato, também notório, de que a união da equipe em torno do capitão Ricardo Acioly não mais existia. Uns queriam um novo capitão, outros estavam tão decepcionados que mal se importavam. O que os unia era o posicionamento contra a administração Nastás.
O incontestável é que Jaime Oncins tem uma história dentro do tênis, especialmente na Taça Davis, onde teve 37 participações. Talvez fosse melhor, para todos os envolvidos, que fizessem seus posicionamentos de forma clara e transparente. Da direção da CBT já nem se espera mais isso. Da liderança dos tenistas ainda sim.
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Sorte do Brasil que estamos na Zona Americana... imagine um barraco desses antes de um confronto contra EUA ou Austrália pelo Grupo Mundial...
quarta-feira, 3 de março de 2004
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