quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

Como assim?

Credores pedem a falência da Globo na Justiça dos EUA
16/12/2003 - 22h00

da Redação
em São Paulo

Um grupo de três credores entrou com um pedido de falência involuntária da Globopar (Globo Comunicações e Participações) na Corte de Falências dos Estados Unidos, Distrito Sul de Nova York, informa o serviço de notícias "Teletime" (publicação especializada em informações do setor telecomunicações). Os três credores entraram com a petição de falência involuntária reclamando da Globo por uma dívida de um total de US$ 94,3 milhões.

Esses fundos são o GMAM Investment Funds Trust I (que se diz credor de US$ 30,5 milhões da Globo), o Foundations For Research (US$ 175 mil) e o WRH Global Securities Pooled Trust (US$ 63,6 milhões).

A Globo tem um prazo de 20 dias para se defender na Justiça de Nova York depois de receber a notificação que foi enviada na segunda-feira pelo correio. Depois disso, o juiz do caso deverá marcar uma audiência.

Se acatar o pedido dos credores, o juiz pode tomar uma de duas opções: ou ele inclui a Globo no chamado Chapter 11, que corresponde à concordata na legislação brasileira, ou ele realiza a liquidação da empresa.

Em setembro, os credores internacionais mandaram uma contraproposta de renegociação para a Globo. Até hoje, a Globo não havia se pronunciado sobre a contraproposta. Diante disso, esses três grupos de credores entraram com essa petição de falência involuntária.

A Globo deve um total de US$ 1,9 bilhão. Ela deve a bancos, a fundos e a fundos que detêm títulos como esses que entraram com o pedido de falência.

Esses três fundos têm garantia da Rede Globo de Televisão, que é, do grupo, a empresa que ganha dinheiro suficiente para renegociar o total da dívida.

Ao mesmo tempo, a Globo tomou a iniciativa e liderou um grupo de empresas de comunicação que fez ao BNDES um pedido para criar um "Proer da mídia". O editor Paulo Henrique Amorim enviou ao presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, a seguinte pergunta: "O BNDES vai botar dinheiro do povo brasileiro numa empresa cuja falência é pedida numa Corte de Falências em Nova York?" Lessa não respondeu a pergunta.

Leia abaixo a reportagem publicada pelo Teletime

WRH Global Securities Pooled Trust, GMAM Investment Funds Trust I e Foundation for Research são os três credores da Globopar (Globo Comunicações e Participações S.A.) que entraram no dia 11 de dezembro, quinta-feira passada, com uma petição (involuntary petition) baseada no Chapter 11, da Lei de Falências norte-americana, contra a holding da família Marinho. O equivalente no Brasil seria um pedido de concordata preventiva feito por terceiro. A primeira empresa se diz credora de US$ 63,6 milhões, a segunda de US$ 30,5 milhões e a terceira de US$ 175 mil, perfazendo um total de US$ 94,3 milhões.
A petição deu entrada na United States Bankruptcy Court - Southern District of New York. Os credores são representados pelo escritório de advocacia Fried, Frank, Harris, Shriver & Jacobson. Os dois principais peticionários se declaram portadores de títulos da Globopar que começaram a adquirir no mercado a partir de 1998, com forte deságio. O WRH, por exemplo, começou adquirindo um primeiro lote por US$ 732 mil com valor de face de US$ 1,17 milhão. Já o menor dos credores, a Foundation for Research, se apresenta como uma instituição de caridade, de Nevada, que começou a comprar os títulos a partir de 2001.


Posição da Globopar

"São, na verdade, três fundos de um mesmo gestor de investimentos, o Huff". A explicação é dada por Ronnie Vaz Moreira, presidente da Globopar, após sair de uma reunião com credores, em São Paulo, na tarde desta terça-feira, dia 16. O executivo que viaja amanhã para Nova York, onde terá outro encontro com credores, acrescenta que o Huff faz parte do comitê de bondholders da Globopar. Ele lamenta a decisão que não considera "construtiva para o processo". À Folha de S. Paulo, que publicou no sábado, 13, notícia sobre o recurso do Huff W.R. nos EUA, Moreira disse ainda que a ação não terá repercussões no Brasil. Destaca ainda que esse gestor de recursos é conhecido no mercado por esse tipo de conduta nos negócios. Os peticionários, por sua vez, em suas iniciais, garantem textualmente que "Petitioner did not purchase the Notes for the purpose of commencing this case under the Bankruptcy Code", ou seja, não compraram os papéis já pensando em recorrer à legislação de falência dos EUA. Segundo Vaz Moreira, os advogados da Globopar garantem que a petição tem erros processuais e problemas no mérito. A Globopar terá 20 dias para se pronunciar na Justiça de Nova York depois de receber a notificação que foi remetida ontem pelo correio. Depois, provavelmente, o juiz marcará uma audiência. Rubens Glasberg

Leia a seguir o comunicado que a Globopar divulgou na última sexta-feira, sobre a ação do grupo WRH.

COMUNICADO
12 de dezembro de 2003 - A Globo Comunicações e Participações S.A. ("Globopar"), comunica que em 11 de dezembro último, o Grupo de Investimento W. R. Huff entrou com pedido, nos Estados Unidos, de reestruturação judicial da dívida da Globopar.
Esta ação é desprovida de fundamento legal e não afeta de forma alguma as empresas Globo. Todas estão gerando os resultados planejados e continuarão atuando sem qualquer impacto em seu desempenho ou gestão.
A Globopar vem mantendo, durante os últimos meses, construtivo processo de renegociação da dívida, organizado através de dois comitês de credores. A empresa já realizou diversos encontros com tais comitês e já tem próximas reuniões agendadas.
Ronnie Vaz Moreira, Presidente da Globopar, declarou que "a companhia vem se empenhando para alcançar uma solução consensual com seus credores e continuará a realizar as negociações e reuniões planejadas. Não acreditamos que ações como esta adotada ontem possam trazer qualquer benefício, quer para a empresa, quer para os seus credores."
Por esta razão, a Globopar não aceitará que um credor, isoladamente, prejudique este processo de negociação, nem que este ou qualquer outro credor, utilize-se de expedientes desta natureza para tentar valorizar sua posição às custas dos demais.
A Globopar continuará negociando o pagamento da dívida, seguindo o processo em andamento, no melhor interesse de todos os envolvidos.

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Muito estranho...

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