sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

Eles querem dominar o mundo de novo

13/02/2004 - 07h17
Tears for Fears semeia volta após nove anos

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Uma das bandas que realmente lideraram o mundo pop --como diz mais ou menos um de seus sucessos--, o Tears for Fears está de volta. Após nove anos separados, Roland Orzabal e Curt Smith lançam em abril o sexto disco da dupla --pelo menos o sexto sob o nome Tears for Fears.

Smith deixou a banda em 92, após três álbuns (o primeiro, "The Hurting", de 83, encaixou três músicas no "top five" da parada britânica, entre elas "Pale Shelter" e "Mad World"; "Songs from the Big Chair", de 85, vendeu mais de cinco milhões de cópias só nos EUA, graças a hits como "Everybody Wants to Rule the World", "Head Over Heels" e "Shout"; "The Seeds of Love", puxado por "Sowing in the Seeds of Love", veio em 89). Orzabal continuou sozinho e lançou dois discos apenas medíocres.

Pois em abril a dupla coloca nas lojas "Everybody Loves a Happy Ending". Para falar sobre os anos 80 e a "volta à moda" do Tears for Fears, Smith conversou com a Folha, por telefone, dos EUA.

Folha - É verdade que vocês se reuniram apenas para gravar este disco e depois vão se separar?
Curt Smith - Não, estamos curtindo a banda. Está prazeroso.

Folha - Por que voltar agora?
Smith - Achamos que era o momento. Nós não nos falávamos há nove anos, era uma coisa estúpida, pois temos vários amigos e negócios em comum. Então quando começamos a nos encontrar, gravar um álbum era natural.

Folha - Uma nova versão de "Mad World" [do primeiro disco do TFF, agora gravada por Gary Jules] chegou ao primeiro lugar na parada britânica. O Tears for Fears está ficando na moda de novo?
Smith - Há três anos, quando voltamos a nos encontrar, não sabíamos que Gary Jules iria gravar uma música nossa e que seria a nº 1. Agora novas pessoas estão nos conhecendo e comprando nossos discos antigos. A esperança é que elas ouçam também as novas músicas, porque eu não agüento mais nossas coisas antigas!

Folha - Como você compara este disco com os anteriores?
Smith - Se há um link com o passado, é a faixa "Sowing in the Seeds of Love". Essa música não ficaria fora de lugar neste novo disco, que, entretanto, não é tão similar aos outros que fizemos.

Folha - O primeiro álbum do TFF é de 1983. A motivação de gravar agora é a mesma de 21 anos atrás?
Smith - Naquela época, queríamos fazer um disco que fosse uma declaração de intenções. Desta vez, entramos no estúdio para saber se ainda conseguiríamos ser criativos. Será que conseguiremos ser tão bons quanto antes?

Folha - Você concorda com aqueles que dizem que os anos 80 devem ser esquecidos?
Smith - A maioria das coisas que aconteceram nos 80 eu gostaria de esquecer. Mas, até aí, eu queria esquecer a maioria das coisas que aconteceram nos anos 60 e 70. Talvez 80% das coisas lançadas nos anos 80 sejam horríveis, mas 80% das coisas lançadas agora também são horríveis!

Folha - Naquela época os críticos nunca colocaram vocês no mesmo nível de New Order ou Smiths. E o TFF vendeu tantos ou mais álbuns do que aquelas bandas...
Smith - Essas bandas que você citou eram incrivelmente incensadas, estavam na moda... Nós éramos dois intelectualóides vindos de Bath! Nunca nos achariam cool. Nada suficientemente cool saiu da minha pequena cidade.

Folha - Quais os pontos altos e baixos do Tears for Fears?
Smith - Gosto de "The Hurting" e "Songs from the Big Chair". "The Seeds of Love" tem duas ou três músicas boas, especialmente "Sowing in the Seeds of Love". Essa é o mais próximo que chegamos de uma obra-prima.

EVERYBODY LOVES A HAPPY ENDING
Artista: Tears for Fears
Lançamento: BMG
Quanto: a definir (em abril)
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Eis um disquinho pra comprar com gosto. Espero que a expectativa alta demais faça com que todo mundo receba um disco meia-boca. Juntos, os dois TFF fizeram dois discos MUITO fodões e um muito bom. Sozinhos, apenas uma ou outra coisa isolada... ou seja, é gente que tem crédito.

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