As distribuidoras brasileiras às vezes têm uma criatividade muito fora do comum para nomear os filmes. A comédia inglesa How to Lose Friends and Alienate People (tradução literal: como perder amigos e alienar pessoas), atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, ganhou o insano título de Um Louco Apaixonado! Não que não faça sentido, mas toda a acidez do filme se perde nessa tradução bizarra.
O filme? Baseado num livro do jornalista inglês Toby Young, temos a história de Sidney Young (Simon Pegg, de Todo Mundo Quase Morto e que estará no novo Star Trek), jornalista inglês que dirige uma publicação de cultura alternativa em Londres, mas que sonha em cobrir mais de perto o universo das celebridades do cinema. Depois de arrumar uma enorme confusão na cerimônia do Bafta, o Oscar da terra da rainha, Young é convidado por um editor amalucado (Jeff Bridges, impagável no visual e na atuação) para trabalhar numa badalada revista americana.
Young aceita o trabalho, e o filme começa a mostrar seus micos na adaptação ao estilo de texto e de vida americanos, e sua relação com a colega de trabalho Alison (Kirsten Dunst, sempre bela) e a atriz novata Sophie (Megan Fox, abusando da canastrice), acompanhada de sua agente Eleanor (Gillian “Scully” Anderson, que não costuma aparecer muito na telona). Envolvido com Alison, que é a única que não torce o nariz o tempo todo para as maluquices do inglês (como contratar uma stripper pro aniversário do chefe ou maltratar um cachorro alheio) e ao mesmo tempo querendo se aproximar mais de Sophie, aos poucos Young é “domado” – especialmente após uma decepção sentimental - e acaba se rendendo ao “sistema” da revista, aproveitando tudo de bom e de ruim que ele oferece.
Em muitos momentos, o filme parece uma versão masculina de O Diabo Veste Prada, mas sem uma Meryl Streep para representar o Mal encarnado e sem tantos nomes de estilistas e marcas pro espectador se sentir dentro de uma enorme Daslu. E sem a mesma, digamos, pegada do filme protagonizado por Anne Hathaway.
O problema do filme está na falta de ritmo. Ele acaba sendo uma sucessão de quadros cômicos isolados, sem tanta continuidade. Alguns personagens coadjuvantes, como o pai de Sidney, são pouco aproveitados, e embora Simon Pegg garanta boas risadas, no geral fica a sensação de que as coisas poderiam ter rendido mais, a começar por algo que justifique o título, especialmente na parte do “perder amigos”.