28/03/2007 - 17h35
Gol compra controle da nova Varig por US$ 275 milhões
PATRICIA ZIMMERMANN
CLARICE SPITZ
da Folha Online, em Brasília e no Rio
A Gol Linhas Aéreas, segunda maior companhia aérea brasileira, anunciou a compra do controle da Varig, empresa mais tradicional do setor aéreo, por US$ 275 milhões. Trata-se do maior negócio da aviação civil brasileira. A operação está sujeita à obtenção das aprovações das autoridades regulatórias, incluindo o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A chilena LAN, que já havia aportado US$ 17,1 milhões na nova Varig, também estava na disputa, mas, se fosse a compradora, esbarraria na limitação de 20% de participação de empresas estrangeiras em companhias de aviação.
Segundo a Gol, o pagamento será feito com 10% de seu caixa (US$ 98 milhões) e com a entrega de cerca de 6,1 milhões de ações preferenciais emitidas, que representam aproximadamente 3% do total de papéis da companhia. O valor chegará a US$ 320 milhões com o compromisso da Gol de honrar R$ 100 milhões de debêntures (títulos de empresas) já emitidos pela VRG (nova Varig).
A compra da nova Varig (que continuará a atuar como marca independente) foi feita por meio de uma empresa chamada GTI S.A, uma subsidiária da Gol, o que evita riscos de contaminação dos passivos bilionários da antiga Varig, que tem dívidas trabalhistas, tributárias e previdenciárias.
Desde que arrematou a Varig em leilão, em julho do ano passado, a VarigLog sinaliza o objetivo de vender a companhia, tanto que demitiu funcionários e passou a operar com 17 aeronaves --só em dezembro a Nova Varig conseguiu autorização de vôo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A Gol pretende introduzir na Varig sua experiência de baixo custo e eficiência operacional, o que poderá inclusive reduzir tarifas aos consumidores, segundo o presidente da Gol, Constantino Júnior.
Constantino Júnior se reuniu hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. Também participaram do encontro a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o ministro Luiz Marinho (Trabalho), a ministra Marta Suplicy (Turismo), o presidente da Infraero (estatal que administra os aeroportos do país), brigadeiro José Carlos Pereira, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, e o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia.
"A previsão da Gol para a Varig é de manter essa empresa como uma empresa independente, reforçando as suas vocações, agregando à Varig a eficiência operacional e administrativa já comprovada pela Gol, permitindo com que essa empresa, a Varig, atinja custos menores, e isso permita a essa empresa também repassá-los aos seus passageiros, incentivando e estimulando assim a demanda por passagens aéreas no Brasil e em vôos internacionais", disse ele.
Segundo Constantino Júnior, as linhas internacionais da Varig serão mantidas, mas o número de destinos serão ampliados, mantendo a empresa com uma operação independente da Gol. "Cada uma com a sua vocação irá tentar atrair os seus clientes através da sua vocação", disse.
Liderança
Ao comprar a Varig, a Gol ainda não tem liderança do mercado, que é da TAM, mas chega mais perto da concorrente e, no futuro, pode brigar pela liderança.
Em fevereiro, a Gol apareceu em segundo lugar na participação de mercado nos vôos internacionais em fevereiro, com 18,94%, atrás apenas da TAM, que tem 61,01%. A Nova Varig estava em terceiro, com 11,82% dos passageiros transportados por companhias aéreas. A BRA tinha 7,89% de participação.
No mercado doméstico, TAM e Gol abocanham juntas 87,59% do segmento. A TAM fica com 47,33% e a Gol, 40,26%. A Nova Varig detém 4,57% das linhas domésticas, à frente da BRA (2,98%) e da OceanAir (2,04%).
Nova e velha Varig
A chamada Nova Varig é a fatia da empresa que foi arrematada em leilão em julho passado e que ficou com as marcas Varig e Rio Sul, além das operações das empresas. Ela tem hoje 17 aviões e voa para 18 destinos domésticos e internacionais.
Já a velha Varig herdou as dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões, cuja previsão de pagamento dos credores é de 20 anos. A empresa ficou com a marca Nordeste, com o direito de operar vôos entre São Paulo e Porto Seguro, mas ainda não tem nenhum avião. Ela é a única que permanece em recuperação judicial.
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Mais tempero no caos aéreo? Ou sinal de que as coisas podem melhorar?
quarta-feira, 28 de março de 2007
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