segunda-feira, 19 de março de 2007
House, M.D.
(O texto pode conter alguns pequenos spoilers pra quem nunca viu a série)
House é a melhor série em exibição na TV mundial, hoje. É fato incontestável. Está melhor que 24 Horas, que Lost, que todo o resto. Pena que por aqui a série ainda seja pouco conhecida, por causa da exibição somente num canal a cabo (Universal Channel) e pelo horário em que é exibida (quintas, 23h); mas quem procura uma série diferente das demais ficará deleitado ao assistir House.
"Afinal, do que diabos trata a série?", algum novato pode perguntar. Pois bem, não sou muito bom em sinopses, mas posso tentar.
Gregory House (interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, que consegue reproduzir um sotaque americano perfeito) é um médico ao mesmo tempo genial e genioso. Contratado pelo hospital de uma universidade para gerenciar o departamento de diagnósticos, ele tem fama de anti-social, de não gostar de enrolação de pacientes, casca-grossa, estúpido... mas ao mesmo tempo, de gênio, e de viciado em Vicodin (ou hidrocodona, como ensina a tradução do Universal Channel), além de manco - ele usa bengala e manca por causa de um "infarto muscular" na perna direita.
Se apareceu algum caso bizarro na emergência do hospital, lá vai House tentar decifrar o enigma, como uma espécie de Sherlock Holmes médico - mas sem jaleco, já que ele recusa-se a usar a vestimenta típica. Por que a comparação com Holmes? Porque House consegue, às vezes a partir de um detalhe que parece insignificante pros outros, descobrir os enigmas que podem curar as doenças de seus pacientes.
Seu melhor amigo, se é que podemos dizer assim, é o oncologista (especialista em câncer) James Wilson (Robert Sean Leonard, que alguns podem lembrar do filme Sociedade dos Poetas Mortos). Ele por muitas vezes acaba sendo o Grilo Falante, ou a consciência perdida do Dr. House. E muitos associam Wilson a Watson, o assistente de Sherlock Holmes. A amizade dos dois tem idas e vindas ao longo das (até agora) duas temporadas e meia de série, mas cada vez mais percebe-se que um não vive sem o outro pentelhando. Para o bem e para o mal.
Acima dos dois, está a Dra. Lisa Cuddy (Lisa Edelstein, de filmes como Tenha Fé e séries como Ally McBeal), médica-chefe do hospital. Ela é a encarregada de suportar a ironia, o sarcasmo e as maluquices de House quando este inventa de fazer exames fora do comum, como uma autópsia numa pessoa viva (!). Ao mesmo tempo, House parece nutrir certa paixão pela chefe...
Formando a equipe do Dr. House, temos três jovens médicos: o neurologista Eric Foreman (Omar Epps), competente e ambicioso, e muitas vezez ele é a "vítima" preferida dos ataques sarcásticos do chefe. Muito por isso, acaba tendo uma relação de extrema admiração e ódio com House. O chefe vez por outra conta com suas habilidades "da rua" pra ajudar a solucionar casos: Foreman teve algumas passagens pela polícia quando mais jovem.
Já a imunologista Allison Cameron (Jennifer Morrison) é, além de muito bonita - House chega a dizer em determinado episódio que a contratou mais pela beleza que pelo currículo - uma médica que, ao contrário do chefe, preocupa-se, às vezes até em excesso, com o lado "humano" dos pacientes. Muitas vezes ela é emocional além da conta. E tem uma relação estranha com pessoas doentes e sofredoras, tanto que foi casada com um homem que ela já sabia estar doente, e que morreu de câncer seis meses depois do casório. Vez por outra, ela bota na cabeça que é apaixonada pelo chefe.
Completando a equipe, o Dr. Robert Chase (Jesse Spencer), um australiano especializado em UTIs e afins. Mais jovem da equipe, é de longe o que tem uma relação mais de "devoto" com House. Raramente discorda do chefe, chegando ás vezes ao ponto de parecer um puxa-saco. Chase tem uma relação pouco amistosa com o pai, também médico, perdeu a mãe há alguns anos e em um episódio revela que antes de ser médico, foi seminarista.
Ao longo das temporadas, alguns personagens surgem, mas não tornam-se fixos em definitivo, como Vogler, o empresário que quer tomar conta do hospital e demitir House; Stacy, a bela ex-mulher de Gregory, com quem ainda tem uma relação de amor e ódio; Tritter, o policial que coloca House e toda sua equipe em encrencas na terceira temporada por causa de um... hummm... dispositivo anal.
Ele não é exatamente o que poderíamos chamar de personagem, mas tem papel fundamental na série: o Vicodin. Remédio potente pra dor, baseado no princípio ativo hidrocodona, House toma várias doses diárias disso todos os dias, por causa das dores causadas pelo seu problema na perna. O problema é o vício tornou-se tão grande que ele chega a comprometer a própria carreira, além da dos amigos, por causa dele.
E os pacientes. Ah, os pacientes. Além dos casos bizarros, House atende alguns pacientes “convencionais” devido a suas obrigações de bancar o clínico geral. Alguns são hilários, como a mulher que diz que morre de cansaço e está cheia de marcas de chupões pelo corpo, mas que jura que não faz sexo há mais de um ano, ou um adolescente que, sabe-se lá como, enfia um MP3 player na cavidade anal, ou ainda uma moça que descobre estar grávida e arma, com o médico, um jeito de fazer um exame de DNA pra saber se o namorado é o pai da criança. House deve preferir assistir a General Hospital ou brincar com seu Game Boy em vez de atender esses seres desprezíveis.
A série foi criada por David Shore e produzida por Bryan Singer (diretor de filmes como Os Suspeitos, X-Men, X-Men 2 e Superman: O Retorno), que chega a aparecer em um episódio no papel dele mesmo.
Top 10 de episódios de House, na minha opinião:
1- “Three Stories” (episódio 21 da primeira temporada) – House é obrigado por Cuddy a dar uma palestra para estudantes em treinamento. E ele começa a citar um suposto caso imaginário para os estudantes chegarem a um diagnóstico, só que o caso não é exatamente imaginário e tem relação direta com o passado do protagonista. O ressurgimento de Stacy ajuda na composição.
2- “Safe” (episódio 16 da segunda temporada) – Uma adolescente que vive num quarto esterilizado apresenta estranhos sintomas, e House chega a “seqüestrar” a paciente para dentro do elevador do hospital para procurar o, digamos, parasita.
3- “Failure to Communicate” (episódio 10 da segunda temporada) – House e Stacy, sua ex-mulher e advogada do hospital, estão em Baltimore (o hospital fica em New Jersey) pra resolver problemas tributários do médico, mas ele acaba sendo acionado pra ajudar num bizarro caso... à distância, via viva-voz. O paciente tem um treco e passa a não falar coisa com coisa... marcante a cena em que House usa a parede do aeroporto como quadro branco, usando maquiagem pra escrever.
4- “Mob Rules” (episódio 15 da primeira temporada) – Um mafioso sob custódia do FBI chega ao hospital com sintomas estranhos, e House acaba envolvido numa trama de segredos e mentiras. E, num dilema ético, os mafiosos chegam a presentear House com um carrão clássico por esclarecer que sua doença não teria relação com as preferências sexuais do chefão.
5- “Detox” (episódio 11 da primeira temporada) – House faz um acordo com Cuddy: um mês sem trabalhar na clínica médica em troca de uma semana sem tomar Vicodin. Enquanto passa por um processo de desintoxicação forçado, ele tem que lidar com um paciente que, do nada, começou a sangrar enquanto dava um passeio de Porsche com sua namorada. Será que House consegue ficar o tempo todo sem seu remédio querido?
6- “House Vs. God” (episódio 19 da segunda temporada) – O paciente da vez é um jovem com fama de milagreiro. Enquanto isso, uma paciente do Dr. Wilson com câncer apresenta estranha melhora, associada aos “poderes” do garoto. E House inicia uma verdadeira batalha contra as vontades de Deus para curar os dois pacientes.
7- “All In” (episódio 17 da segunda temporada) – House, Cuddy e Wilson estão participando de um jogo de pôquer durante um evento beneficente no hospital, enquanto eles envolvem-se num estranho caso envolvendo um garoto de seis anos e uma mulher morta há doze anos. Destaque para as inúmeras metáforas associando lances do jogo com o diagnóstico do caso.
8- “No Reason” (episódio 24 da segunda temporada) – Um antigo paciente de House aparece no hospital e atira no médico. Semi-desmaiado, House começa a passar por experiências que podem ser decisivas no seu próprio futuro.
9- “Cane And Able” (episódio 2 da terceira temporada) – House e sua equipe têm que lidar com um garoto que pensa que está sendo abduzido por alienígenas porque apresenta estranhos sintomas. O diagnóstico final é um dos mais estranhos de toda a série...
10- “One Day, One Room” (episódio 12 da terceira temporada) – House tem que lidar com uma vítima de estupro, e as conversas “filosóficas” dos dois podem dizer mais sobre o próprio médico do que ele imagina. Este é um episódio incomum, onde os roteiristas cismaram de “viajar” um pouco na psique do protagonista.
Há outros episódios sensacionais, mas essa foi uma lista bem pessoal. E ela pode mudar na próxima vez que eu a escrever
Se você não tem TV a cabo, há outras duas formas de assistir à serie: comprar ou alugar os DVDs da primeira temporada (a segunda deve sair em breve) ou procurar onde baixar na Internet. Não é difícil encontrar episódios já legendados.
Um site altamente recomendado sobre a série é o House M.D. Guide, em inglês. Nele tem tudo e mais um pouco, até link pra camiseta com estampa House vs. God e indicações de livros que falam sobre as doenças citadas na série.
House é como Vicodin: garanto que quem começar a assistir, vai viciar.
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3 comentários:
Concordo em grau, gênero e número, a série é sensacional...
Assisto Dr House todas sempre, mesmo as reapresentações no universal chanel, para mim a melhor serie de todos os tempos, adoro o perfil do Dr House é encantador, seria muito bom se todos tivessem coragem de falar verdades.
Assisto Dr House todas sempre, mesmo as reapresentações no universal chanel, para mim a melhor serie de todos os tempos, adoro o perfil do Dr House é encantador, seria muito bom se todos tivessem coragem de falar verdades.
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