terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Entrando numa fria...

28/02/2006 - 10h00
Seleção brasileira enfrenta o maior frio de sua história
PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo, em Moscou

O adversário está longe de assustar, mas a seleção brasileira vai viver quarta, literalmente, a maior "gelada" de sua história.

Nunca, em quase cem anos de exibições por todo o planeta, o time enfrentou um clima tão frio como o que terá pela frente no amistoso contra a Rússia, em Moscou.

No horário do jogo, às 19h (13h de Brasília), a previsão é que os termômetros marquem 11º C negativos. Com o vento gelado, a sensação térmica cai para -15º C --menos mau que a nevasca prevista para hoje deve dar lugar a um dia com sol quarta.

"O frio não pode servir de desculpa. Para um jogo como esse, o importante é motivar os jogadores para uma partida que não é de Copa", disse Carlos Alberto Parreira no hotel que hospeda a seleção, ao lado da praça Vermelha.

O Brasil já atuou em outras cidades frias, como a finlandesa Helsinque, mas não em pleno inverno europeu, como agora.

A temperatura mínima média em Moscou para um 1º de março, como hoje, é oito graus mais baixa do que qualquer outro lugar, considerando a data do confronto, em que a equipe já atuou.

Até para os padrões moscovitas este inverno vem sendo rigoroso demais. A temperatura já beirou os 30º C negativos. A cidade está tomada pela neve, que, misturada à sujeira das ruas, torna qualquer caminhada uma aventura.

Para atenuar o sofrimento dos jogadores, a partida será realizada no estádio do Lokomotiv, que tem aquecimento, mas cujo campo está em péssimo estado. O gramado, na parte em que não tem muita lama, está com a grama queimada. O confronto terá casa cheia --todos os 28 mil ingressos, com preços variando entre US$ 20 e US$ 1.500, foram vendidos.

Segundo a Nike, que quarta estréia a nova camisa do time, não houve pedido de roupas especiais para os jogadores --o kit entregue foi o tradicional, e dele fazem parte luvas. O treino de reconhecimento também não será feito no horário da partida --a prática está programada para as 16h de hoje.

Mesmo com o grosso de seus jogadores atuando na Europa, a seleção está pouco acostumada a jogar com mais de 10º C negativos. Na Espanha, por exemplo, a temperatura raramente fica abaixo de 0º C nas cidades em que acontecem jogos da primeira divisão.

"Para o pessoal que joga na Europa, a diferença não é tão grande. O difícil é para a gente, que saiu do Rio com 35º C", declarou Parreira, que vestia um sobretudo com terno e gravata.

O coordenador técnico Zagallo era o mais assustado com o clima, mas garantia já ter passado por situação pior. "Estive aqui pouco antes da Copa-94, com 15º C negativos", afirmou. O último amistoso antes da convocação final para a Copa terá pouco a ver com o que o time vai viver na Alemanha.

Além do frio como empecilho, o time terá vários desfalques (Dida, Cafu, Roque Júnior e Ronaldinho) e pegará um time que não vai ao Mundial. Outros favoritos farão amistosos de mais peso, como a Argentina, rival da Croácia. Alemanha e Itália duelam entre si.
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Chamar o campo onde o Brasil vai jogar de gramado é muita bondade.

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