terça-feira, 1 de agosto de 2006

Copa do Mundo rápido e rasteiro

Especialmente pra Gal.

A Copa teve um resultado justo. Se a Itália não foi brilhante, pelo menos foi a mais eficiente. Em nenhuma partida a Azurra correu algum risco real de derrota, e na final contra a França, contou com a competência de seus dois melhores nomes: Cannavaro, monstruoso na defesa, e Buffon, espetacular no gol. A defesa que ele fez na cabeçada do Zidane, no final do primeiro tempo da prorrogação, valeu pela Copa toda.

Cabeçada do Zidane: um ato humano de alguém que perdeu o controle. Simples assim. Pena que tenha sido numa final de Copa do Mundo, e o ato tenha ajudado a França a ser derrotada.

Brasil: Um monte de estrelas, mas um time perdido. E na partida contra a França todos os defeitos ficaram escancarados. Tomara que a lição seja aprendida pra 2010.

Portugal: Com Felipão, a antes seleção com complexo de inferioridade agora pode enfrentar qualquer um. Se vai vencer, não sei, mas se alguém pegar o time de 2002 e o atual, verá uma abismal diferença. E o jogo contra a Holanda, uma verdadeira batalha campal, foi um símbolo disso. Nossos patrícios pareciam o Grêmio de 1995 em campo. Pro bem e pro mal.

Alemanha: Klinsmann e a seleção conseguiram soltar o nacionalismo embutido do povo alemão. Só por isso, já merecem prêmios; mas o time foi o que apresentou o futebol mais ofensivo e bonito da Copa, e ninguém, ninguém esperava isso da seleção alemã, ou esperava?

Argentina: deu o melhor show-solo da Copa, o massacre de 6-0 sobre a perdida seleção de Sérvia & Montenegro. Fora isso, mostrou bom futebol, melhor que o nosso. Pena que depois de perder pra Alemanha nas quartas-de-final, foram imbecis e partiram pra porrada.

Inglaterra: ia fazendo um Mundial bem meia-boca, com seu bando de astros esquecendo o que é jogar bola (exceção ao primeiro tempo da partida contra a Suécia, na primeira fase). Daí resolveram jogar bola contra Portugal. Mesmo com Wayne Rooney sendo expulso no melhor estilo Paul Gascoigne - ele deu um coice no instrumento de trabalho sexual do zagueiro português Ricardo Carvalho - o time mostrava uma raça, uma disposição, um empenho que estava desaparecido nas outras partidas. O 0x0 persistiu, e nos pênaltis, a incompetência dos batedores, dentre eles as estrelas Frank Lampard e Steven Gerrard, e o mérito do goleiro Ricardo fizeram Portugal avançar ás semifinais.

Holanda: um time jovem, aposta do técnico e antigo astro do futebol Van Basten. Deu certo em parte, porque o time foi imaturo contra Portugal, entrando no clima de intimidação dos lusos, o que acabou gerando aquele festival de cenas lamentáveis que quem viu lembrará por bastante tempo.

Espanha: começou a copa sem o mesmo favoritismo de antes, e começou de forma arrasadora, com uma impiedosa goleada de 4x0 sobre a Ucrânia. Foi bem nos outros jogos, mas contra a França, houve um Zidane no caminho. E um Vieira. E um Ribery. Deu no que deu.

Surpresas positivas: Costa do Marfim, que apesar do bom futebol caiu eliminada ainda na primeira fase, principalmente porque estava no grupo mais complicado do Mundial, com Argentina e Holanda; Trinidad & Tobago, que apesar de não ter feito gols, mostrou uma disposição e disciplina defensivas impressionantes. Sem falar que o 0x0 deles contra a Suécia deve ter quebrado dezenas de casas de apostas mundo afora; Equador, que com um time rápido e habilidoso, passou da primeira fase; Angola, que apesar do time fraco, conseguiu estar bem perto da classificação (talvez tenha faltado um pouco de autoconfiança); o México, que mesmo jogando como nunca e perdendo como sempre, saiu de cabeça erguida depois do jogo contra a Argentina; a Austrália, que só não chegou mais longe porque deu de cara com a Itália nas oitavas.

Surpresas negativas: Polônia, um time ruim de ver jogar; Costa Rica, a defesa-peneira da Copa; Suécia, mostrando muito abaixo do potencial (onde estava o Ibrahimovic mesmo?); Sérvia & Montenegro, que de melhor defesa das eliminatórias foi a pior da Copa; Irã, que não mostrou nada, apesar de ter jogadores badalados como Ali Kharimi, do Bayern de Munique.

Minha seleção da copa:


Buffon (Itália)

Miguel (Portugal)
Cannavaro (Itália)
Thuram (França)
Lahm (Alemanha)

Vieira (França)
Frings (Alemanha)
Ballack (Alemanha)
Zidane (França)

Klose (Alemanha)
Figo (Portugal)

Técnico: Felipão (Portugal)
Melhor seleção: Itália.

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