segunda-feira, 11 de agosto de 2008

BRONZE PARA O BRASIL! Ketleyn ganha medalha no judô

11/08/2008 - 07h55
Ketleyn fatura bronze e melhor marca individual das mulheres brasileiras

Bruno Doro e Rodrigo Farah
Em Pequim (China) e em São Paulo


O Brasil conquistou pela primeira vez uma medalha olímpica em provas individuais femininas. A judoca Ketleyn Quadros entrou para a história nesta segunda-feira ao derrotar a australiana Maria Pekli e conquistar o bronze, a primeira medalha do país nas Olimpíadas de Pequim.

Até então, o melhor resultado de uma brasileira em provas individuais olímpicas foi o quarto lugar. A primeira a alcançar este resultado foi Aída dos Santos, mãe da ponta Valeskinha da seleção de vôlei, no salto em altura em Tóquio-1964. Quarenta anos depois, Natália Falavigna ocupou este posto na categoria acima de 67 kg do taekwondo, após ser derrotada pela venezuelana Adriana Carmona.

As medalhas femininas resumiam-se até esta manhã a esportes coletivos. Em Atlanta-1996, o basquete foi prata, o vôlei levou o bronze, e as maiores glórias ficaram com o vôlei de praia, que fez a final e conquistou ouro (com Jacqueline e Sandra) e prata (Adriana Samuel e Mônica).

Quatro anos depois, o basquete e o vôlei terminaram em terceiro lugar, enquanto o vôlei de praia faturou prata (Adriana Behar e Shelda) e bronze (Adriana Samuel e Sandra). Já em Atenas-2004, o país só subiria ao pódio feminino novamente com Adriana Behar e Shelda, vice-campeãs do vôlei de praia, e com o futebol, também derrotado na decisão.

O feito histórico foi um desabafo para Rosicléia Campos, técnica da seleção brasileira e que participou das Olimpíadas de Barcelona-1992 e Atlanta-1996. "Quando eu falei que ia mudar a história, muita gente não acreditou", disparou, após a conquista do bronze.

A treinadora tratou de enaltecer o trabalho da equipe feminina, que já havia registrado no Pan do Rio de Janeiro a sua melhor participação em um evento deste porte. "Este um trabalho é de muitas mãos, estas meninas são maravilhosas. Elas precisavam de alguém que acreditasse nelas e eu acreditei", desabafou.

Para assegurar a medalha na categoria leve (57 kg), Ketleyn precisou mostrar grande forma na luta decisiva. Desde o início do combate, a brasileira conseguiu melhor pegada e dominou a rival. No segundo minuto, ela forçou uma punição à australiana por falta de combatividade e ficou na frente do placar.

Com o decorrer da disputa, a brasiliense permaneceu dominando a adversária. No fim, Pekli precisou se abrir e conseguiu devolver a punição para Ketleyn, levando o duelo para o golden score. Em melhor forma, a atleta do clube Minas Tênis ficou com a medalha após derrubar a rival com belo contra-golpe.

Antes de se classificar para a disputa do bronze, Ketleyn teve grande atuação ao longo do dia. Em sua primeira luta, ela superou a sul-coreana Sin-Young Kang por yuko. Já no duelo seguinte, ela encarou a holandesa Deborah Gravenstijn até esteve perto de avançar às quartas-de-final. Ela fazia uma luta disputada até levar um koka de contra-golpe, suficiente para lhe tirar a vitória.

Já em sua primeira luta da repescagem, a brasiliense travou uma difícil disputa com a espanhola Isabel Fernandez, campeã olímpica em Sydney-2000 e mundial em Paris-1997. A vitória veio no golden score após os juízes punirem a atleta européia por uma entrada falsa.

Na final da repescagem, foi a vez da japonesa Aiko Sato parar diante de Ketleyn. A brasileira acertou belo golpe no primeiro minuto de luta e conquistou o ippon. Após o golpe, a asiática precisou sair de maca para o centro médico do ginásio.

Ketleyn Quadros se classificou para as Olimpíadas após Danielle Zangrando se lesionar no início do processo seletivo e não ter condições de disputar o circuito europeu. A santista ainda reclamou que merecia ter outra oportunidade, mas Ketleyn foi confirmada como a titular do Brasil na categoria.

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